Espaço literário aberto a todas as expressões artísticas e áreas do conhecimento.
quarta-feira, 1 de abril de 2015
DIAS EM VÃO
Há dias em que o dia parece não ter acordado
Juntos, dia e eu, formamos uma incógnita amalgamada
Onde tristeza e angústia caminham juntas
Sem saber aonde chegar
Nesses dias em que me encolho na cama,
Enrolada como um feto a não querer partir para a vida exterior,
O desânimo triunfa, inexplicavelmente, tomando conta de mim
E o corpo não obedece a nenhum chamado...
Ah, dias! Contemplam-me assim prostrada
E aproveitais para me corromper com o calor dos lençóis,
Forçando-me a desfiar as linhagens do meu ser
Que ignora o som longínquo do tique taque do relógio...
Encontro-me nesses dias em desencontro comigo mesma
Como um inquietante navegar de incertezas
Que vivem a me atormentar
Qual num mar de águas turvas de onde não consigo submergir
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
RESPLANDECER
Ó! Ventanias de pensamentos que arrastam a mente para o abismo do medo
Ó! Vendavais de angústias que devastam a quietude da alma
Ó! Furacões de desassossegos que desmoronam a solidez das convicções
Ó! Tempestades de angústias que encharcam as vestes da alegria
Afastai-vos de mim, ó forças implacáveis!
Não temerei a nuvem negra da desolação que paira sobre mim!
Não impedireis que um límpido alvorecer espalhe os raios da calmaria
Que dissiparão de vez a noite tenebrosa que insiste em recolher as estrelas do meu céu
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
PÓ DE PIRLIMPIMPIM
Suas palavras (in)confundíveis
Seu olhar profundo
Seus beijos ardentes
Há muito viajaram no espaço
Seu silêncio enigmático
Seu olhar esquivo
Seus beijos mornos
Fizeram a volta ao mundo
E hoje vivem a me lembrar
Que aquele amor, impiedosamente, soprado aos meus ouvidos
Era apenas pó de pirlimpimpim
quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
QUANDO O AMOR ACABA
Um dia acreditei que era amada
E que esse amor era único e infinito
Tinha todas as certezas do mundo
Mas você derramou sobre mim uma chuva de pétalas amargas
Hoje vivo ao sabor dos momentos,
Dos risos frouxos e sem graça
Das conversas amenas e corriqueiras
Do entrelaçamento dos corpos
Que não dizem mais "eu te amo"
Apenas saciam a sede da carne
E deixam a alma à deriva
AMAR UM PARADOXO
Amar um paradoxo é cravar uma faca de contradições infindáveis no
peito
É sorrir quando a alma pede pra chorar
É dizer que ama sem ter certeza da
reciprocidade desse amor
É ouvir o que o silêncio não quer
dizer
É querer fugir e se deixar prender
É carregar um fardo de perguntas sem
respostas
É olhar nos olhos e não enxergar a alma do
outro
É partir e voltar todos os dias sem querer
É viver e morrer no porto do amor,
esperando a balsa que nunca chegará...
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